TERÇA-FEIRA, 7 DE JUNHO DE 2011
Branca de Neve, versão atualizada
O leitor mais antigo deste "Ouro de Tolo" deve se lembrar da crônica que escrevi no final do ano passado com uma versão "atualizada" da história de Chapeuzinho Vermelho.
Retomo hoje a série, com a história da Branca de Neve e os sete anões. Divirtam-se - ou não - e lembro que tudo não passa de uma grande gozação.
Branca de Neve
Era uma vez, em um reino não muito distante, vivia uma linda princesa chamada Branca de Neve. Ela era instruída e educada pelo rei, seu pai, para ser a nova soberana da nação.
Entretanto, ela tinha uma inimiga figadal no palácio: a rainha, sua madrasta, e que esperava assumir o poder após a morte do Rei - que já havia escapado de 27 tentativas de assassinato, por diversos métodos, por diversos grupos. Dizia-se que ele tinha o "corpo fechado".
Em determinado momento, a Rainha deu um ultimato ao Rei: ou ele decidia em que lado estaria ou ela "dormiria de calça jeans" até que ele se decidisse - ou sofresse um golpe de estado. O rei, do alto de sua imensa habilidade política - ninguém se equilibra no poder à toa com tantos inimigos - decidiu que Branca de Neve iria gerenciar uma concessão de minérios na floresta distante.
Branca de Neve partiu em seu jatinho para tomar posse das extensas terras que lhe haviam sido concedidas pelo reino - em português claro, uma espécie de "grilagem oficial". Chegando lá ela contratou uma equipe de trabalhadores "verticalmente prejudicados" que ficaria conhecida como "Os Setecentos Anões".
A vida deste grupo não era fácil. Saíam às seis da matina para escavar o minério de ferro e somente retornavam às vinte e três horas para tomar uma sopa de 500 calorias e descansar em barracões improvisados. O regime de folga era "45 por 1", ou seja, a cada 45 dias de trabalho Branca de Neve magnanimamente concedia 1 de folga.
Eis que um dos "anões", apelidado de "Zangado", em seu dia de folga resolveu procurar o Ministério do Trabalho do reino. Normalmente este somente servia para homologar rescisões, mas havia um sub-chefe do "Departamento de Relações com o Trabalho Forçado" a fim de mostrar serviço e este resolveu levar adiante as denúncias.
Foi um escândalo: o Ministério do Trabalho resolveu processar e multar Branca de Neve por exploração de trabalho escravo dos anões. Além disso libertou-os dos barracões onde eles moravam em condições sub-humanas. O rei quando soube ficou possesso, mas não pôde abafar o caso porque a imprensa do país estava com os pagamentos reais em atraso e resolveu noticiar. O funcionário em questão acabou desaparecendo misteriosamente, o que geraria, mais tarde, à fundação do grupo "Mães dos Anões".
A Rainha ficou radiante, mas também tinha seus problemas: suas maçãs envenenadas, com as quais ela pretendia matar o rei e Branca de Neve foram apreendidas pela Vigilância Sanitária por não terem o selo de pagamento de impostos de classificação de peso e tamanho das frutas. Só que o escândalo não parou por aí: as frutas foram desviadas, vendidas na feira livre e causaram a morte de mais de 200 pessoas. Ou seja, ela também estava encalacrada.
Continuava o calvário da princesa: o "MTSTR", Movimento dos Trabalhadores Sem Terra do Reino, invadiu as terras de Branca de Neve alegando que ela havia "grilado" as terras da floresta e as desmatado para explorar o minério de ferro para exportação.
Este caso a princesa "resolveu" rapidamente: contratou uma turma de pistoleiros - e no dia seguinte trinta e seis líderes do MTSTR jaziam inertes na região, além de alguns anões que foram como brindes no "programa de milhagem" dos pistoleiros. Obviamente,o caso nunca "foi esclarecido", apesar dos veementes protestos de ONGs internacionais - silenciadas com polpudos patrocínios do reino.
Mas os problemas não cessavam: os bambis que habitavam as terras com apoio da imprensa alternativa processaram Branca de Neve por homofobia. Eles exigiam ser chamados de "cervos da floresta" e não de "bambis". Por outro lado, os anões que restaram exigiam serem chamados de "verticalmente prejudicados", conseguindo na Corte de Haia uma vultosa indenização.
Neste meio tempo o Rei havia conseguido um príncipe para desposar Branca de Neve. Entretanto, sem maçãs envenenadas o príncipe consorte - ou seria "conazar"? - ficou sem função na história. Resultado: fugiu para Amsterdam com seu personal trainer, indo trabalhar como dançarino em uma "cannabis shop" da cidade holandesa.
Neste meio tempo graves protestos passaram a sacudir o reino, reprimidos de forma extremamente violenta pelo governo, com inúmeras mortes. Como ao mesmo tempo o Reino havia descoberto uma gigantesca jazida de petróleo na camada "pré-açúcar" de seu litoral os Estados Unidos ameaçaram intervir militarmente no Reino.
Mas a rainha e Branca de Neve foram mais rápidas: bem naquela máxima de que "inimigo do meu inimigo é meu amigo" as duas se uniram e finalmente, com apoio do Exército, conseguiram dar um golpe de Estado e exilaram o rei no distante reino de Vila Mimosa - onde ele vive até hoje como um bem sucedido e folclórico proxeneta.
A imprensa nativa - especialmente o jornal "O Merval" - aplaudiu a "solução constitucional" adotada, e Branca de Neve foi entronizada como a nova soberana - com a rainha cuidando dos negócios do reino e concedendo a exploração da camada pré-açúcar aos americanos.
E todos foram felizes para sempre... bom, nem todos: os anões voltaram ao trabalho escravo na floresta..
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